domingo, 9 de novembro de 2014

Calango

na pedreira
ou no deserto
na fenda do quente chão
caçando esses insetos
vivendo por vocação

resistência sobrevivente
na vida desse sertão
e nos muros construídos
eu escalo por missão
e de cima posso ver
de que lado é melhor chão

sou calango nordestino
orgulhoso de se ser
um cabloco genuíno
brasileiro no viver

terça-feira, 28 de outubro de 2014

da burrice

e tudo que sei repito
ito
apito
dito
sem pensar
acredito
ito
imito
emito
minhas opiniões
alheias
que penso
que penso
enso
dispenso
dados e fatos
atos concretos
etos
ecos
ecos ecoam
no vazio da caverna
que é minha cabeça

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Eu teu

(Para Isa Lopes)

Mesmo que fosse só saudades
Ainda queria ser.
Sentir cada lágrima escorrer
E secar sorrindo ao te ver

Mesmo que fosse só vontade
Ainda queria ser
Cada beijo te dar eterno
Ser teu de corpo inteiro

Mesmo que fosse só cuidado 
Ainda queria ser
Saber do teu dia e do teu medo
Te dar o braço e abraço inteiro

Mesmo se fosse só um bom papo
Ainda queria ser
A palavra da bobagem
Ou do assunto sério e verdadeiro

Mas sendo tudo isso 
eu quero ser
A chegada da saudade
a saciação do desejo
o cuidador de tua necessidade 
e o papo pro teu tédio

Quero ser tudo isso
quero ser muito mais
ou menos se preferir
quero ser, só ser
ser eu, ser teu

domingo, 14 de setembro de 2014

Terceiro dia

Minha loucura eu prefiro,
sentir-te a tua
loucura de sentir
de me sem ti
até aqui parece nem existir
parece nem existir
o insistir que é loucura
que é loucura
que cura
minha doença de ser são
minha mania de dizer não.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Em PAR não SERIA. É! 2

Há, as coincidências da vida! Já postei aqui a ilustração que minha amiga Julia Ferraz fez do poema "Platônico". Agora tenho o prazer de mostrar mais um trabalho lindo de ilustração de uma outra Júlia. A uns dias essa ilustração estava prometida e hoje ela me enviou o desenho e eu fiquei muito feliz com o resultado, e por ela ter escolhido esse poema pra ilustrar. Obrigado! Com vocês a versão de Júlia Medina de "Coisa de passarinho"


terça-feira, 19 de agosto de 2014

Coisa escrita a lápis

Numa página quase qualquer
De um livro especial
Não terminado, inacabado
Cheio de coisa ainda pra dizer

Digo agora que o poema feito
Não quero ter decorado
Por medo de perder a poesia
na repetição ou no enfeite

Quero poetizar cada leitura
Do poema que é o mesmo
Mas que se perde na beleza
Do momento ou dos olhos


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Paraísos pessoais

Meu paraíso sou eu
Teu paraíso sou eu
Meu paraíso é teu
Tão teu o meu
paraíso eu